Wednesday, July 26, 2006

Conservação e reabilitação na Acrópole


Estive em Atenas este mês para participar numa conferência e aproveitei para visitar a Acropole. Foi impressionante estar dentro de um eléctrico moderno com ar-condicionado no centro de uma capital europeia, moderna e movimentada como Atenas, e de repente ver as colunas magnificas duma construção milenar a dominar o centro da cidade.

Visto de longe, a estrutura parece bem conservada mas aproximando, subindo o rochedo, vê-se que o Parténon, o monumento principal deste grupo, está a ser alvo de um processo de recuperação profundo.


O monumento tinha-se deteriorado significativamente ao longo do século XX e dois problemas tinham que ser colmatados para preservar este exemplo do património mundial:
  •  a estrutura, sendo de mármore (principalmente CaCo3), tem estado a sofrer progressivamente dos efeitos da poluição atmosférica do meio urbano e industrial: assim o mármore é transformado quimicamente em gesso (uma forma de CaSo4) que começa a cair aos poucos.
  •  duas tentativas prévias de recuperar a estrutura (uma no século XIX e a outra no XX) não foram efectuadas da melhor maneira uma vez que utilizaram ferro para reforçar partes da estrutura e o próprio ferro é também sujeito aos efeitos de corrosão. Também substituíram partes da estrutura em mármore por outros materiais como betão.



















Portanto, neste momento está a decorrer um mega-processo de recuperação onde a estrutura está a ser desmontada e reconstruida progressivamente em que o mármore original está a ser protegido com uma camada anti-erosão. Ao mesmo tempo os erros dos processos anteriores estão a ser corrigidos para levar toda a estrutura ao seu estado original. A reconstrução do Parténon irá incluir partes que ficaram fora em processos anteriores resultando num espécie de puzzle muito complexo.



Aqui é possível ver onde o novo mármore foi adicionada à pedra original. A cada peça é atribuído um número único para permitir a remontagem posterior. A parte branca vai depois receber um tratamento para criar uma pátina que recrie o aspecto da pedra original.

Friday, July 07, 2006

Rich Felder no Minho: Active Learning e embaraço terminológico


Assisti duas excelentes sessões em Braga esta semana, integradas no ciclo de workshops educacionais da Escola das Ciências da Saúde da Universidade de Minho.
Os convidados, Richard Felder e Rebecca Brent dos EUA, são pessoas com um volume muito significativo de trabalho publicado na área de pedagogia do ensino superior e sobre a aprendizagem centrada no aluno.
A sessão de manhã foi dedicada às técnicas de Active Learning , aprendizagem que na abordagem dos convidados se pode considerar como resultado dum leque de técnicas para tornar o aluno na sala de aula mais activo e mais autónomo. A própria sessão foi organizada de forma a exemplificar várias das técnicas e havia ainda vídeos do Felder a aplicar os seus métodos em aulas de química. Houve também bastantes referencias aos estudos realizados na área que apoiam a sua convicção sobre o valor desta abordagem. Fiquei convencido que estas técnicas podiam ser incorporadas na nossa prática pedagógica aqui na ESTBarreiro sem grande transtornos e trazendo benefícios significativos.
Depois do almoço, os trabalhos foram centrados nas técnicas de Cooperative Learning que se pode considerar como instrumentos para tornar os trabalhos de grupo mais activos, eficazes e fielmente avaliados para todos os participantes. Foi referido também a aplicação desta abordagem no ensino de engenharia.
Entretanto, percebi que a definição de Active Learning que eu e uma colega tínhamos incluído num artigo recentemente aceite para publicação e que vou apresentar numa conferencia em Atenas brevemente, não corresponde em todo rigor com a que o Dr. Felder utiliza. Mas, sabendo que vários autores utilizam a designação duma forma ligeiramente diferente, não me preocupei bastante.
Mais preocupado fiquei, quando no intervalo mostrei ao Dr. Felder a definição de Cooperative Learning no nosso artigo e ele me responde logo “That’s looks more like a definition of Collaborative Learning, not Cooperative Learning”. Fiquei um bocado consternado: será que me enganei e baralhei as duas definições? Bom, como na literatura existe alguma ambiguidade entre os dois termos, tive bastante cuidado na minha citação, pensei eu, mas…?
Assim, mal cheguei a casa depois das 6 horas de viagem da Braga, fui correr para consultar a fonte (Smith, Sheppard, Johnson and Johnson, 2005 autores também bastante eminentes na área) e realmente não me tinha enganado:
Cooperative learning is the instructional use of small groups so that students work together to maximize their own and each others learning.”
E aquele que o Dr Felder definiu como Cooperative Learning é o mesmo que o artigo de S, S, J e J classificou como “Carefully structured cooperative learning”. Phew!! Então pode se dizer que ambos têm razão.
Conclusão: mesmo entre as figuras muito eminentes numa determinada área, podem existir algumas diferenças de terminologia.

Presentes Gregos

Na próxima semana estou em Atenas para apresentar uma comunicação numa conferencia: The 3rd WSEAS/IASME International Conference on ENGINEERING EDUCATION (EE'06). O trabalho será depois publicado como um extended article na revista WSEAS Transactions on Advances in Engineering Education .

A conferencia é em Vougliami, 15 km do centro do capital grego, e faz parte das celebrações dos 10 anos da WSEAS, World Scientific and Engineering Academy and Society (que diz no seu website pronounced: "W" – seas” mas que eu, realmente, a falar em inglês nunca consigo dizer desta forma porque soa que estamos a referir às casas de banho).